Willian Spengler

 

“PROGRESSO COM ORDEM” – A HISTÓRIA ENSINADA NO ESTADO NOVO


 

O Estado Novo, instituído oficialmente em novembro de 1937, tendo à frente Getúlio Vargas, marcou, sem dúvida alguma, a inserção de uma nova cultura política no país, que agregou as bases para a formação do atual Estado brasileiro. A criação de Ministérios e a consolidação de suas legislações, direcionadas prioritariamente para as áreas educacionais e trabalhistas, configuraram as principais atenções do Estado varguista, que instituiu sob medida, a chamada “cidadania do trabalho”, como elemento definidor da cultura política em voga, quando há a substituição do cidadão da doutrina liberal pelo cidadão trabalhador.

 

À guisa de lembrança, mister ressaltar que Vargas chegou ao poder em 1930, através de um golpe de Estado e, com o passar dos anos, revelou-se um ditador. Em 1937, antes que se encerrasse seu mandato, instalou o chamado Estado Novo através de outro golpe, que se estenderia até 1945. As fissuras representadas pela Intentona Comunista, em 1935, e pelos Levantes Integralistas, em 1938, catapultaram o país a uma experiência insólita de governo: um líder absoluto que contava com a empatia da sociedade. Como medidas iniciais, Vargas fechou o Congresso Nacional, destituiu alguns comandos militares, criou a figura dos “interventores federais” em substituição aos “governadores estaduais” e instituiu uma nova Constituição. Todos os partidos políticos foram suprimidos. Tudo em prol do “bem estar da Nação”.

 

No elenco dos objetivos desse Estado autoritário, a educação inseria-se como ferramenta de caráter político-ideológico, o que faria do processo educacional e de seus instrumentos pedagógicos verdadeiros baluartes de propaganda do regime. A construção das representações, entendidas como símbolos culturais presentes na sociedade, pode refletir de maneira instigante a compreensão político-cultural de uma época. Por sua vez, o ensino nas escolas consolida “modelos de educação”, destinados a desencadear nos alunos novos valores e novos modelos formadores. Estas construções buscam legitimidade através de ideais forjadores de uma identidade coletiva. O ensino de História, visto por muitos como esclarecedor de preceitos, é extremamente visado e alvo direto em regimes autoritários. Nestes períodos, seus dispositivos didáticos guardam a retórica do momento político-cultural e exprimem as “verdades” do país, através das correntes de pensamentos predominantes, desenhando uma sociedade harmônica e pacífica.

 

A ideologia do Estado Novo enfatizava principalmente a ideia de construção da nação e da nacionalidade brasileira sob a tutela do Estado. Para ter o controle dos meios de comunicação e formar uma opinião pública favorável ao governo, foi criado em 1939 o Departamento de Imprensa e Propaganda – DIP. O DIP fez a promoção das atividades do governo nas esferas cultural, social e educacional, objetivando que não houvesse contestação por parte do público. A meta era apresentar as transformações cumpridas na ação estatal.

 

O Departamento foi “criado pelo decreto presidencial de dezembro de 1939, [...] sob a direção de Lourival Fontes, viria materializar toda a prática propagandística do governo. A entidade abarcava os seguintes setores: divulgação, radiofusão, teatro, cinema, turismo e imprensa. Estava incumbido de coordenar, orientar e centralizar a propaganda interna e externa; fazer censura ao teatro, cinema, funções esportivas e recreativas; organizar manifestações cívicas, festas patrióticas, concertos e conferências; e dirigir e organizar o programa de radiodifusão oficial do governo”. (VELLOSO, 2010, p.158)

 

Por sua vez, Lenharo (1986, p. 39) assevera que “a propaganda varguista projetava para a sociedade uma só imagem de si mesma, imersa num mundo de ficção, a competir com o mundo da sua realidade. O peso dos erros do passado fora afastado; a sociedade antes dividida e conflituosa, agora, encontrava o caminho da paz e do equilíbrio; o trabalhador, por sua vez, finalmente tinha a seu favor um Estado protetor e justo; a nação reencontrava-se consigo mesma e abria-se confiante para o progresso econômico”.

 

A estratégia getulista para a educação foi centralizar as ações, com a criação do Ministério da Educação e Saúde, ainda em 1930. A organização educacional partiu do centro para a periferia, isto é, era uma estrutura verticalizada, sem participação da sociedade, e doutrinária. O próprio Getúlio Vargas enxergava na educação um pilar para sustentar sua imagem pública (“pai dos pobres”) e, assim, ajudar a moldar a opinião coletiva. A função do governo seria tutelar a população.

 

A “missão” de reformar o ensino coube a Gustavo Capanema, que, além de regulamentar o Ensino Primário e o Ensino Secundário, determinou a criação de órgãos fiscalizadores para os cursos de formação de professores. Docentes estes que, a partir do Estado Novo, deveriam utilizar o material didático elaborado pelo DIP, a fim de que o patriotismo e o civismo pudessem tocar os corações de crianças, jovens e adultos, verdadeiros bastiões para a grandeza do país.

 

Capelato (2010, p. 123) registra que “as imagens e os símbolos eram difundidos nas escolas com o objetivo de formar a consciência do pequeno cidadão. Nas representações do Estado Novo, a ênfase no novo era constante: o novo regime prometia criar o homem novo, a sociedade nova e o país novo. O contraste entre o antes e o depois era marcante: o antes era representado pela negatividade total e o depois (Estado Novo) era a expressão do bem e do bom”.

 

A visão governista da educação é também salientada por Amaral (2001, p.81): “a atuação da educação no governo Vargas tinha como meta o nivelamento de inteligência entre as classes, sempre voltada para o benefício do regime”. Através da educação “a nação sairia das crises econômica e moral”. Em um capítulo intitulado “O DIP e a educação”, a autora sustenta que “a interligação entre DIP e Ministério da Educação e Saúde” fez “da educação e da propaganda atividades paralelas, em que uma completava a função da outra”.

 

A política educacional do Estado Novo “não se limita à simples legislação e sua implantação. Essa política visa, acima de tudo, transformar o sistema educacional em um instrumento mais eficaz de manipulação das classes subalternas. Outrora totalmente excluídas do acesso ao sistema educacional, agora se lhes abre generosamente uma chance. São criadas as escolas técnicas profissionalizantes (‘para as classes menos favorecidas’). [...] o trabalho nos vários ramos da indústria exige maior qualificação e diversificação da força de trabalho, e, portanto, um maior treinamento do que o trabalho na produção açucareira ou do café”. (FREITAG, 1980, p. 52, apud HENN, 2013, p. 1045)

 

Reznik (1992, p. 100) propõe a compreensão do ensino de História como elemento de desenho do perfil doutrinário do Estado no período getulista, pontuando através dos livros didáticos e programas curriculares da época as principais formulações do ensino de História, em particular da cadeira História do Brasil. O autor acredita que aqueles que integravam o debate da época esperavam estar influindo, a partir da educação escolar, na construção da nação brasileira, ao formar um novo tempo, tecendo o amanhã. Estudar a História Nacional era uma causa eminentemente cívica, formadora de uma “consciência nacional”. Através do conhecimento do passado, os indivíduos criariam e reafirmariam o seu apego à nacionalidade, à pátria.

 

Importante ressaltar a inserção dos livros didáticos no mercado editorial da época. O Decreto-Lei 1006/1938, instituiu a Comissão Nacional do Livro Didático. Essa comissão, agregada ao Ministério da Educação, tinha por norte o controle da confecção dos livros destinados aos estudantes brasileiros. Necessária e evidentemente, nenhum livro poderia ser publicado ou distribuído às escolas se não passasse pelo crivo do Ministério. “Como o Estado Novo era uma ditadura, entende-se a aprovação do governo ao material didático como uma espécie de censura. As informações que chegavam às salas de aula eram, portanto, controladas pelo governo, usando a educação como um instrumento de poder”. (CAVAZZANI; CUNHA, 2017, apud MEDEIROS, 2020, p. 850)

 

Ainda sob a ótica de Reznik (1992, p.154), pode-se apontar um conjunto de fatores que contribuíram para afastar os compêndios tradicionalmente utilizados em prol da circulação dos nacionais em todas as áreas de ensino. De acordo com o autor, “a expansão do ensino secundário na década de 30 e a sua rígida seriação cumprem um papel chave, pois impunham uma nova dinâmica para a produção e utilização dos livros didáticos”.

 

Os livros didáticos de História, utilizados no Estado Novo, eram sustentados pela factualidade dos “grandes episódios da nação”. Trabalhavam uma história de herança positivista, que tem como principal elemento a linearidade dos acontecimentos, caracterizando uma história determinista, enfatizando as relações de causa e efeito. A história política tradicional, marco desta linha metodológica, é marcada por narrações épicas, pelo culto aos grandes “heróis da pátria”.

 

Nestes livros “patrióticos”, o povo brasileiro seria resultado de uma amálgama de três diferentes povos, dos quais o europeu seria o grande condutor civilizatório. “Os índios, por sua vez, eram retratados a partir das características do Romantismo, sendo os índios nativos diferentes dos atuais, construindo a raiz indígena brasileira a partir de um estereótipo heróico, de físico semelhante ao dos europeus, índios nobres e bravos que supostamente não haviam aceitado a escravidão, ocultando qualquer traço da opressão colonizadora. A produção de artefatos indígenas era retratada como semelhante a dos povos civilizados. Os negros, porém, eram pouco mencionados, sendo retratados apenas como mercadorias. O Brasil era apresentado como uma democracia racial que estava, aos poucos, ‘embranquecendo’ a sua população em virtude do maior índice de imigração dos europeus e da sua maior ‘robustez física’, além da proibição do tráfico de escravos. Nota-se, portanto, que a produção didática ignora o componente negro na constituição étnica brasileira em virtude dessa ser considerada uma raça inferior, ideia amplamente difundida por algumas correntes científicas da época, pautadas no chamado Darwinismo Social. A formação do povo brasileiro, portanto, era representada de forma a satisfazer as elites dominantes, tendo o povo europeu como principal agente civilizador do Brasil”. (MEDEIROS, 2020, p. 846)

 

Buscando exemplos de tal modus operandi, o estudo realizado por Vaz (2006, p. 87) mostra-se esclarecedor. De acordo com a estudiosa      , verifica-se que ao tratar da Independência do Brasil, os livros didáticos utilizados durante o Estado Novo exprimiam o reverenciamento ao seu principal herói: D. Pedro. Ele era tratado como o “salvador da pátria”, personagem que resolveu todos os problemas do Brasil após o retorno de D. João VI a Portugal. Palavras de empenho e energia, inteligência e perspicácia, eram atribuídas a sua figura. D. Pedro sempre estava pronto em defesa da causa pública e os seus principais empecilhos apontavam os descontentamentos regionais nas províncias do Norte, que inicialmente se recusaram a aceitá-lo. Atitude análoga ocorria ao se falar de Vargas: o homem que enfrentava diversas dificuldades em nome dos anseios do país. Sua “mística” de empreendedor entoava-se na descrição de seu governo, colocando o presidente no mesmo patamar de D. Pedro I e outros “grandes heróis do passado”, como o “condutor” do Brasil ao progresso. Getúlio Vargas, apresentado como herói, transmutava-se no homem preparado e capaz de defender os interesses do Brasil, como fizeram vários outros governantes do passado.

 

Fonte: https://bdm.ufmt.br/bitstream/1/1088/1/TCCP_2018_Reniane%20Silva%20de%20Souza.pdf

 

Paralelamente aos livros didáticos, utilizavam-se também as cartilhas escolares, que consistiam em publicações veiculadas em todo o território nacional, contendo textos de fundo moral religioso, ufanista e patriótico, destinadas à leitura das crianças em fase de alfabetização. Conforme se depreende da figura acima, um Vargas “paternal” transmite uma mensagem de amor e patriotismo aos infantes, ensinando o “caminho das pedras” para o (seu?!) sucesso. Aliás, as histórias, poesias, poemas, traziam os pressupostos inerentes ao regime então vigente: civismo, nacionalidade, culto à pátria e ao chefe da nação, ordem, trabalhismo, exaltação às datas cívicas.

 

As manifestações patrióticas – especialmente as desenvolvidas na Semana da Pátria – consistiam em elementos importantes na preservação da ordem e na legitimação de uma unidade social. A pátria, merecedora de sacrifícios, assemelhava-se a uma mãe e nela estariam todos em uma grande família. Eram proibidos textos que continham pessimismo ou dúvida quanto ao futuro da “raça brasileira”, e a educação dos jovens era associada à preocupação de evitar “más” influências – especialmente o comunismo.

 

George (2008, p. 9) sustenta que era intenção do sistema educacional “passar ideias não de criticidade ou idéias que despertassem as práxis reflexivas, mas de uma sociedade vista como uma corporação onde cada um tinha uma função determinada para o bem-estar do corpo. Era função idolatrar o ‘pai da nação’, era função obedecer ao que foi determinado, era função tentar absorver os conteúdos transmitidos na escola para no futuro ser um bom operário, domesticação de consciências”.

 

Desta forma, conclui-se que o Estado Novo tinha como referência o patriotismo, sendo a educação encarada como peça fundamental, sempre presente nas apresentações de cunho disciplinador. O ensino da História, ou melhor, a lembrança constante dos “grandes vultos” da História Nacional, apresentava-se como mola-mestra deste sistema. A Semana da Pátria, ápice das festividades nacionalistas, fez parte na formação das crianças e jovens brasileiros, coexistindo seja nas salas de aula, seja nos desfiles comemorativos, com o lema republicano e positivista da bandeira brasileira: Ordem e Progresso (ou seria Progresso com Ordem?!). Estas comemorações funcionavam como exposições pedagógicas da sociedade, despertando na população uma imagem harmônica e bela, formadora de um novo amanhã... Com o Estado Novo, a educação foi entendida e utilizada como meio disseminador dos ideais nacionalistas de maneira nunca vista na história de nosso país. Nos dizeres de Campos (1992, p. 151), “a escola foi a instituição onde pareceu ser possível, naquele momento, atingir amplos segmentos da população no sentido de normalizar, homogeneizar, disciplinar, ordenar, higienizar hábitos e comportamentos”. Contra a anarquia da inteligência, um saber “pasteurizado”, que se pautava na obediência e fidelidade ao Estado (Novo).

 

Referências biográficas

Willian Spengler, professor/historiador vinculado à Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina, pós-graduado pela UFRJ.

 

Referências bibliográficas

AMARAL, Karla Cristina de Castro. Getúlio Vargas: o criador de ilusões – análise da propaganda política no período do Estado Novo. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2001. (Dissertação de Mestrado).

 

CAMPOS, Cynthia Machado. Controle e normatização de condutas em Santa Catarina (1930 –1945). São Paulo: PUC, 1992. (Dissertação de Mestrado).

 

CAPELATO, Maria Helena Rolim. O Estado Novo: o que trouxe de novo? In: FERREIA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida das Neves. O tempo do nacional-estatismo: do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

 

GEORGE, Michael. A Educação e o Estado Novo: a ratificação da ordem dominante e a construção do imaginário político brasileiro. Revela – Periódico de Divulgação Científica da Faculdade do Litoral Sul Paulista, n. 02, mar. 2008. Disponível em:      http://www.fals.com.br/revela/revela028/edicoesanteriores/ed2/educacaoestadonovo.pdf

 

HENN, Leonardo Guedes. A educação escolar durante o período do Estado Novo. Revista Latino-Americana de História, vol. 2, n. 6, ago. 2013. PPGH-UNISINOS. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/rla/index.php/rla/article/view/254http://revistas.unisinos.br/rla/index.php/rla/article/view/254.

    

LENHARO, Alcir. A sacralização da política. Campinas: Papirus, 1986.

 

MEDEIROS, Gabriel Saldanha Lula de. Era Vargas: a Educação como Instrumento Político. In: Id onLine – Revista Multidisciplinar e de Psicologia, vol. 14, n. 50, maio. 2020. Disponível em: http://idonline.emnuvens.com.br/id.      

 

REZNIK, Luis. Tecendo o amanhã: a História do Brasil no ensino secundário – programas e livros didáticos. 1931 a 1945. Niterói: UFF, 1992. (Dissertação de Mestrado).

 

VAZ, Aline C. A escola em tempos de festa: poder cultura e práticas educativas no Estado Novo (1937-1945). Belo Horizonte: UFMG, 2006. (Dissertação de Mestrado).

 

VELLOSO, Monica Pimenta. Os intelectuais e a política do Estado Novo. In FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucília de Almeida Neves. O tempo do nacional-estatismo do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo. Rio de Janeiro: Civilização Brasiliense, 2010.

8 comentários:

  1. Magno Francisco de Jesus Santos12 de setembro de 2022 às 08:56

    Professor Willian Spengle, inicialmente, parabéns pela pesquisa. Trata-se de uma leitura pertinente para pensar o ensino de História em tempos ditatoriais, com a mobilização dos usos do passado pelo novo regime. E foi pautado nesta invenção de um novo país, como "Estado Novo", que fiquei curioso se você percebeu se esses livros didáticos de história mobilizavam a experiência histórica imediatamente anterior como um passado superado. Por exemplo, a Primeira República já aparecia como "República Velha"? Essa foi uma curiosidade e gostaria de saber mais sobre esse enfrentamento do passado próximo. Mais uma vez, parabéns pela pesquisa.
    Cordialmente,
    Magno Francisco de Jesus Santos

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    1. Salve, tudo bem?

      Professor Magno, primeiramente obrigado pelo interesse e leitura do texto. A constituição da nacionalidade era a tônica a ser promovida por intermédio da "nacionalização da educação" da ditadura Varguista (e, por tabela, a difusão dos princípios do projeto político-ideológico da ditadura instaurada). Convém lembrar que o Instituto Nacional do Livro foi criado em 1937 e a Comissão Nacional do Livro Didático, um ano depois.

      Verifiquei que nos livros didáticos de História, priorizava-se a idolatria por personagens e símbolos nacionais. Eram os "grandes vultos da nação”, personagens elencados como ilustres, responsáveis, em diferentes momentos da história, por atos que garantiram a extensão, ocupação do território e formação da nação.

      À guisa de ilustração, de 1940 temos a coleção direcionada para crianças chamada “Biblioteca Pátria”, e um conjunto de volumes de obras em quadrinhos intituladas “Grandes Figuras do Brasil”. Esta última possuía o prefácio firmado por Vargas, reiterando o empenho do governo em propagar exemplos de patriotismo por meio dos “vultos nacionais” (nos quais ele estava incluso, claro).

      Nesse sentido, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, personagens da Primeira República, eram louvados como "heróis", ao passo que o "Café-com-Leite" era desprezado, vez que os regionalismos não poderiam ter voz na educação nacional.

      Agradeço novamente a leitura.

      Grato pela atenção.

      Saudações!

      Willian Spengler

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  2. Salve, tudo bem?

    Professor Magno, primeiramente obrigado pelo interesse e leitura do texto. A constituição da nacionalidade era a tônica a ser promovida por intermédio da "nacionalização da educação" da ditadura Varguista (e, por tabela, a difusão dos princípios do projeto político-ideológico da ditadura instaurada). Convém lembrar que o Instituto Nacional do Livro foi criado em 1937 e a Comissão Nacional do Livro Didático, um ano depois.

    Verifiquei que nos livros didáticos de História, priorizava-se a idolatria por personagens e símbolos nacionais. Eram os "grandes vultos da nação”, personagens elencados como ilustres, responsáveis, em diferentes momentos da história, por atos que garantiram a extensão, ocupação do território e formação da nação.

    À guisa de ilustração, de 1940 temos a coleção direcionada para crianças chamada “Biblioteca Pátria”, e um conjunto de volumes de obras em quadrinhos intituladas “Grandes Figuras do Brasil”. Esta última possuía o prefácio firmado por Vargas, reiterando o empenho do governo em propagar exemplos de patriotismo por meio dos “vultos nacionais” (nos quais ele estava incluso, claro).

    Nesse sentido, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, personagens da Primeira República, eram louvados como "heróis", ao passo que o "Café-com-Leite" era desprezado, vez que os regionalismos não poderiam ter voz na educação nacional.

    Agradeço novamente a leitura.

    Grato pela atenção.

    Saudações!

    Willian Spengler

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    1. Magno Francisco de Jesus Santos13 de setembro de 2022 às 08:43

      Willian Spengler, agradeço a explicação e mais uma vez o parabenizo pela pesquisa.
      Saudações,
      Magno Francisco de Jesus Santos

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  3. Alessandra Bertasi Nascimento12 de setembro de 2022 às 20:06

    Olá! Seu texto apresenta vários aspectos históricos importantes e necessários de serem discutidos na atualidade. Particularmente, fiquei curiosa em poder ler sobre sua posição quanto a citação: "Ordem e Progresso (ou seria Progresso com Ordem?!)". Por gentileza, poderia comentar sobre ela? Grata.

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    1. Olá, tudo bem?

      Professora Alessandra, obrigado pelo interesse e leitura destes breves escritos, primeiramente.

      A "meta da sociedade ideal", elaborada pelo regime getulista, inegavelmente tem suas origens nas ideias positivistas - que alimentaram o preâmbulo da República brasileira. Não por acaso o "Ordem e Progresso" da bandeira nacional origina-se do lema comteano “Amor como princípio e ordem como base; o progresso como meta”.

      Pois bem, durante a ditadura do "pai dos pobres", a ordem - e, evidentemente, o fortalecimento de um líder moralmente responsável e forte - originaria um governo "promotor do bem-estar social", que "trilharia o caminho do progresso", o “grande farol do caminho humano”. Trocando em miúdos, a busca do progresso pressupunha a existência da ordem. Todo e qualquer "desvio de rota" - entenda-se desordem ou subversão - precisava ser evitado e/ou combatido.

      Isto posto, nada mais "natural" do que considerar a educação como instrumento fundamental para disciplinar - "ordenar" - os infantes patriotas, mormente segundo os preceitos ideológicos do Estado. Ademais, o que seria o "Pátria Amada Brasil" hodierno se não uma tosca e míope tentativa de ordenar os "corações e mentes nacionalistas"?

      Grato pela atenção.

      Saudações!

      Willian Spengler

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