EDUCAÇÃO E TRABALHO: O SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI) E A FORMAÇÃO DE UMA POLÍTICA EDUCACIONAL PARA O TRABALHADOR
O trabalho trata da
Educação Profissional voltada para a formação de trabalhadores, o qual se fez
necessária como componente para o desenvolvimento da indústria brasileira a
partir da constituição do Estado Novo no contexto da década de 1930, tendo como
objeto de estudo o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) no
Brasil, e mais especificamente, no Paraná e em Santa Catarina. Como recorte temporal
para este estudo, elegeu-se o período de 1942 a 1953, momento da implantação da “Escola SENAI” nesses
Estados, ao desmembramento da administração na chamada 7ª Região (SENAI no
Paraná e Santa Catarina), separação ocorrida após a criação da FIESC (Federação
das Indústrias de Santa Catarina), opção resultante da alteração do parque
industrial dos dois estados.
No processo de
construção do problema fez-se necessária uma abordagem histórico política que
mostrasse os diversos aspectos sociais que influenciaram na criação de
políticas públicas de formação profissional e que culminaram na implantação do
SENAI. Tal formação buscava atender às crescentes necessidades da indústria
nacional. Tal contexto marcado pelo desenvolvimento da indústria nacional carregado
de mudanças são demostradas em nossos estudos e reflexões, que estas buscam
atender a interesses de certo projeto de desenvolvimento, refletindo-se tanto
nas reformas educacionais quanto nas questões referentes ao trabalho, como o
processo de implantação e ampliação de indústrias, as imigrações de mão de obra
estrangeira, a criação de sindicatos e movimentos de trabalhadores, o
surgimento de uma burguesia industrial e de uma classe operária, processos que
afetaram diretamente as questões sociais da época.
Ainda se vê que no
processo industrial, este passou a exigir trabalhadores qualificados, nesse
sentido observa Cunha (2000, p. 06), que, “com a complexificação da maquinaria
das manufaturas e das primeiras indústrias, os operários qualificados foram buscados
no exterior, solução que acarretava dois tipos de inconvenientes. Primeiro, os
operários contratados não formavam seus substitutos locais, guardando para si o
monopólio da operação das máquinas, o que aumentava seu preço. Segundo, era
comum eles trazerem para cá práticas e ideias consideradas atentatórias à ordem
estabelecida, como a paralisação da produção para pressionar os patrões pela
melhoria dos salários e das condições de trabalho e até mesmo a organização
sindical. Para evitar esses inconvenientes, começou a surgir toda uma ideologia
de valorização do trabalho ‘do elemento nacional’, cuja propalada inaptidão e
inconstância já não era vista como natural, senão como resultado da falta de
oportunidades. [...] Para tanto, o ensino profissional teria de deixar de ser
destinado aos miseráveis, órfãos, abandonados e delinquentes”.
Assim, deve-se levar
em consideração a historicidade desse processo complexo de formação de uma
instância de qualificação da classe trabalhadora estritamente relacionada aos
interesses das classes dominantes. No que concerne a historiografia a respeito
do objeto deste complexo processo, considerando os conflitos que a delineiam
como um conjunto integrado e único em sua especificidade humana, permeando as
instâncias do trabalho, da educação e da sociedade, haja vista a futura
formação do trabalhador destinado para a indústria que se firmará nos anos que
se seguem, pois qual seria o modelo ideal de trabalhador que esta indústria
absorveria nesta passagem de um modelo econômico para outro. Vejamos.
Para Cunha (1980, p.
15), “o conceito de desenvolvimento, como numerosos produtos da ciência, tem
sofrido as vicissitudes da absorção pelos mais diferentes discursos
ideológicos. (...) Dá-se então, o nome de desenvolvimento às transformações que
um organismo sofre, fazendo-o passar de uma fase à outra, o que acarreta em
riscos enormes, embora não o impeça de todo. O primeiro grande risco, a nosso
ver, é a suposição de que as sociedades sejam, todas, como organismos,
diferenciadas internamente segundo o princípio da unidade funcional, onde a
contradição, se existe, é um acidente conjuntural superável pelos próprios
órgãos. O segundo grande risco e a postulação de fases “naturais” pelas quais a
sociedade tem, necessariamente que passar, eliminando-se as forças das relações
sociais como traçadora dos caminhos e serem percorridos. O terceiro grande
risco, decorrente do segundo, é a suposição de que é possível separar
sociedades ou, pelo menos, padrões “normais” e “patológicos”.
Impossível, dessa
maneira, negligenciar o debate sobre o trabalho e educação, tratando do tema e
do objeto desta pesquisa, ainda, da educação profissional e especificamente da
formação para o trabalho no espaço urbano, fator este que se gerou a partir das
decisões governamentais em fomentar o desenvolvimento industrial no país pós
1930, pois, quem eram os trabalhadores da indústria no período, que modelo de
formação estes tinham e para quem esta formação era dirigida, pois sabe-se que
os trabalhadores nacionais tinham pouca formação, ainda, dos muito que vieram
da Europa, traziam consigo, vícios profissionais, seus ideais e ideologias, não
cabendo dentro do modelo de trabalhador que se queria edificar.
Pode-se ainda citar,
que referente a análise do objeto SENAI, este nos levou, através de um processo
reflexivo, a procurar compreendê-lo no movimento real, o que nos permitiu
pensar a problemática para este trabalho, pois acredita-se que todo problema de
pesquisa se volte a um questionamento, uma inquietação a ser desvendada com a
atividade efetiva do pesquisador. Então, para buscar sanar as inquietações
geradas pela intenção da pesquisa e de seu tema, expõe-se o problema para esta
tese, colocando a seguinte questão: Como se deram as relações entre a política
governamental de Vargas e a atuação do SENAI na formação da força de trabalho
para a indústria no Paraná e em Santa Catarina dentro do recorte estabelecido
na conjuntura histórica nesses estados? Salienta-se que referente ao problema
de pesquisa, sabe-se que o recorte temporal desta pesquisae abrange os governos
Vargas e Dutra, mas para efeitos deste estudo específico, o governo Vargas terá
mais atenção.
Colocado o problema,
nosso caminhar na construção da Tese, apontam elementos e questões que fomentam
o desenvolvimento industrial no Brasil de época, não apenas a formação do
trabalhador, mas também as diversas questões que se fazem presente neste
contexto. Então, para buscar sanar as inquietações geradas pela intenção da
pesquisa e de seu tema, coloca-se o objetivo geral do trabalho, qual seja,
analisar como se estabeleceram as relações entre o processo de
industrialização, as políticas públicas governamentais, os interesses
empresariais e qual a contribuição da atuação do SENAI para a formação da força
de trabalho para a indústria, em particular, nos estados Paraná e Santa
Catarina no recorte histórico estabelecido.
Com a apresentação do
objetivo geral, apontam-se os elementos inseridos no processo de implantação e
atuação do SENAI no Brasil, e mais especificamente na 7ª Região (Paraná e Santa
Catarina), como parte integrante da gênese e consolidação do parque industrial
desses estados. A principal intenção é a de apontar as contradições no processo
de implantação e consolidação do Senai no Paraná e em Santa Catarina no que se
refere a qualificação da força de trabalho dentro das questões apresentadas
neste movimento social diverso e de interesses diversos, ainda, a relação entre
a implantação e a atividade-fim do SENAI, a formação de trabalhadores para a
indústria nacional, dentro dos elementos e interesses políticos e empresariais,
que cercaram tal implantação.
Salienta-se que,
dentro do recorte temporal, procurou-se trabalhar em um período maior para que
se compreenda o processo singular (SENAI e a formação do trabalhador), no geral
(Política Pública e a formação para o trabalho). Para tal, procura-se neste
caminhar, estabelecer os elos deste movimento histórico, elegendo-se
inicialmente 1930 a 1954 [dos anos finais da República Velha, englobando a
Revolução de 1930 com o Governo Provisório, o Constitucional, a eleição de
Getúlio Vargas em 1951 e sua morte em 1954], um recorte histórico que visa
abranger o período de construção historiográfica para esta Tese e que o objeto
de pesquisa se insira dentro deste cenário. Dentro deste contexto, o processo
de implantação do Senai em 1942 com a 7ª Delegacia Regional, até a separação
desta em duas regionais em 1953, período que se utiliza para as análises.
Sabe-se que se insere neste processo o governo Dutra, que foi eleito e governou
entre 1946 até 1951, mas que para nossas análises [dentro das fontes
consultadas referentes ao SENAI], estas não apresentaram diferença entre os
governos.
Essas questões são
verificadas dentro deste movimento do real, não só no fomento através dos decretos-lei,
mas também, em gerar condições para que as partes envolvidas em uma “educação”
voltada para o trabalho. Partindo desses objetivos, procurou-se investigar a
relação neste processo de qualificação do trabalhador e a educação profissional
no Brasil, que foi e é objeto de diferentes discussões e debates. Nesta Tese
nossa intenção foi mostrar a educação profissional e as diferentes ações de
políticas públicas do governo para a educação profissional e a criação de
escolas profissionais, entre as quais pode-se destacar o Decreto-lei nº
4.073/1942 – Lei Orgânica do Ensino Industrial; nº 4.048/19425 – Lei Orgânica
de criação do SENAI; nº 4.244/1942 – Lei Orgânica do Ensino Secundário; e nº
6.141/1943 – Lei Orgânica do Ensino Comercial. A série de leis fomentadas pelo
governo visa a uma mudança de parâmetro em relação à formação do quadro de
trabalhadores mais especializados no país.
Para tal,
considera-se como método de pesquisa o materialismo histórico dialético, em que
se busca inserir o fenômeno investigado no interior de um contexto mais geral,
no interior do movimento real, das ações dos gestores políticos, dos
industriais e dos trabalhadores, envolvidos nestas questões sociais, em que
relaciona o Trabalho e a Educação, acreditando que a criação do SENAI (com as
ações do Governo Federal e dos Industriais), fez parte deste movimento real,
social, um fato que mudou a maneira de ser e agir de muitos e buscou atingir a
toda uma sociedade, em que nos apresentou um movimento, que além de histórico
com os fatos ocorridos, mostrou-se dialético na apresentação das contradições
entre os atores sociais envolvidos.
Referindo-se a este
contexto, Oliveira (2001, p. 15) afirma que segundo os estudos inspirados pela
ótica marxista, regida pelo conceito de modo de produção, cuja versão original
remonta a 1864, a industrialização e a urbanização podem ser entendidas como
componentes de uma etapa no processo de superação histórica do feudalismo para
o capitalismo. Nessas abordagens, tanto as transformações políticas quanto as
econômicas são entendidas, em boa medida, como parte do projeto social de uma
certa classe – a burguesia – que atua de forma consistente na construção de um
determinado tipo de sociedade – a capitalista.
Salienta-se que se
baixou a Portaria n° 470 em 7 de agosto de 1946, mostrando a relação de ofícios
qualificados para os grupos industriais, o qual serviram de base para a
organização dos cursos, para o referido ensino de ofícios, na modalidade de
qualificação profissional. Bernartt e Signorini (In memoriam), (2014, p. 23),
citam que: “um primeiro aspecto a ser ponderado para a compreensão do
materialismo histórico enquanto método de investigação implica entender que a
dialética é um atributo da realidade e não do pensamento.”
Têm-se a intenção de
buscar neste contexto, analisar os acontecimentos como componentes
transformadores do processo histórico, no qual se utilize de sua práxis e das
relações que o fazem, para transformar a si e ao seu meio. Frigotto (1989, p.
83) ao considerar o materialismo histórico dialético como um método de análise,
cita a importância em “indagar sobre o sentido histórico, social, político e
técnico de nossas pesquisas”, e na importância em aplicar o método na
verificação do objeto de pesquisa, em que se busca no estudo do SENAI, apontar
os elementos da instalação desta instituição dentro de uma época de mudanças,
de crise econômica e de guerra, não apenas no que se refere à transição do
modelo agroexportador para o urbano industrial, mas também os elementos de uma
sociedade capitalista contemporânea que se organiza em meio as mudanças
políticas, sociais e econômicas no processo de produção das condições materiais
de subsistência da classe trabalhadora.
Esta pesquisa se
trata de uma pesquisa bibliográfica e de análise documental, realizada em
centros documentais, principalmente nas bibliotecas Pública do Estado do Paraná
em Curitiba, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e da
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), em que se buscou
nos Relatórios Anuais do SENAI, extraindo em seus diversos conteúdos, dados e
informações, que contribuíram para a realização desta pesquisa. Ainda, os
Relatórios anuais se constituem como a base do processo de reflexão, pois além
das informações e dados, apontam-se nestes a visão e a ideologia formatadas
para o modelo educacional a ser implantado e colocado em prática pela
instituição.
Em tempo, o contato
com os profissionais das bibliotecas e do Centro de Referência Documental do
SENAI foi fundamental, pois foi neste a consulta de fontes inéditas e diversas,
que confirmaram a influente atuação da 7ª Regional do SENAI, junto a indústria
local. Buscou-se consultar uma bibliografia que, além da criação, implantação e
manutenção do SENAI, apontasse para a relação ensino/trabalho industrial. Foram
consultados também pesquisas encontradas na base de dados da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), relacionados a
especificidade do tema e do objeto de pesquisa.
No que se refere a
história e historiografia brasileira foram, entre outros utilizados Boris
Fausto (2002), na obra; História do Brasil, em que se traça um panorama da
historiografia brasileira em diversas épocas, ou como cita o próprio autor na
introdução, quando efetua uma observação sobre a sua obra e das concepções dele
como autor, em que cita que, a própria seleção de dados tem muito a ver com as
concepções do pesquisador. [...] Por isso mesmo, o que o leitor tem em mãos não
é a História do Brasil – mas uma História narrada e interpretada
sinteticamente, na óptica de quem a escreveu. Ainda; Trabalho Urbano e Conflito
Social (1997), que, parafraseando Fausto cita: por razões de interesse e
pesquisa, trata-se da classe operária de São Paulo e do Rio de Janeiro em um
limite regional, ainda.
Busca-se aqui
ressaltar a importância efetiva dos Relatórios do SENAI na realização da
pesquisa. A importância deste material teve peso enorme, pois os referidos
relatórios são os meios pelos quais deu-se sustentação a pesquisa, pois os
mesmos trataram do cotidiano da instituição, ainda, a forma de pensar e agir
dos que dirigiam e dos que atuavam no processo de formação dos estudantes.
Apontavam a maneira de como os estudantes eram conduzidos em sua maneira de
pensar. Ainda, sua metodologia e apontava a relação dos estudantes com todo o
processo que envolvia a formação para o trabalho. pesquisam-se os trabalhadores
urbanos em outras regiões do país, capitais no Norte e no Sul. Ainda, Richard
Bourne (2012), com: Getúlio Vargas: a esfinge dos pampas, em que traça uma
relação entre o Brasil e a vida de Vargas.
Para debater a
questão econômica, Caio Prado Júnior (2000), nos apresenta a obra: História
Econômica do Brasil, um estudo que em seu desenvolvimento, busca trazer uma
compreensão que discorre em épocas dentro da economia do Brasil, em que se
indaga as circunstâncias em que este processo ocorreu. Celso Furtado (1977),
nos apresenta uma obra: Formação Econômica do Brasil, um estudo a respeito do
processo histórico de como se constituiu a economia brasileira. Uma obra que é
construída no calor das lutas sociais, que indicava as raízes históricas de
nosso subdesenvolvimento [...] e que tendia a agravar as desigualdades
regionais. José Paulo Netto e Marcelo Braz (2017), com Economia Política: uma
introdução crítica, nos mostra uma obra que busca efetuar uma abordagem crítica
da economia política, uma síntese de leituras acumuladas em anos de pesquisa e
magistério.
No caso do Paraná,
Pedro Calil Padis (1981), nos apresenta uma obra Formação de uma Economia
Periférica: O caso do Paraná, que busca contribuir para um melhor entendimento
dos processos socioeconômicos responsáveis pela atual conformação do Paraná. Em
relação a Santa Catarina, Alcides Goularti Filho (2016), com Formação Econômica
de Santa Catarina, que apresenta uma relação direta com ao tema e ao objeto de
pesquisa deste Trabalho, uma obra que traz séries históricas para entender a
realidade concreta, a construção das relações e as transformações estruturais,
ainda cita o autor, que este, recorre às esferas política, cultural e social
[...], tendo como eixo o processo de acumulação capitalista, de valorização do
capital e de construção das relações sociais e políticas, para explicar as
mudanças econômicas no Estado de Santa Catarina.
Para compreender a
educação profissional e educacional, Luiz Antônio Cunha (2005), como de grande
importância para este trabalho, pois com O Ensino Profissional na Irradiação do
Industrialismo, uma obra que trata do ensino profissional industrial, no
contexto da industrialização no país, em que o autor parte da ideia de que o
ensino profissional industrial foi delineado pelo corporativismo, entendido
como expressão da articulação dos interesses públicos e privados. Ainda do
mesmo autor, O ensino de ofícios nos primórdios da industrialização (2005a) nos
apresenta o ensino de ofícios industriais e manufatureiros em momentos
diversos, que se inserem como um dos meios de integração da classe proletária
nesta nova sociedade moderna, as iniciativas públicas e privadas no tocante a
criação de Instituições de formação da força de trabalho no Brasil de época.
Maria Antonieta Martinez Antoniacci (1993) com A Vitória da Razão: o Idort e a
Sociedade Paulista, obra que é centrada na compreensão de como se produz e
ocorre a organização do trabalho. Ítalo Bologna (1980), com Roberto Mange e sua
obra, esta obra reúne uma documentação expressiva das ideias e ações mais
significativas de Roberto Mange nos domínios de Formação e Seleção
Profissional, da Organização do Trabalho e de assuntos correlatos. e Celso
Suckow da Fonseca (1986) com História do Ensino Industrial no Brasil – v.2, que
trata do Ensino Industrial no país, de leis e personagens atrelados a este,
também, Maria de Fátima Rodrigues Pereira (2012), com Trabalho e Educação: Uma
Perspectiva Histórica, em que a autora cita: a obra concorre para superar
visões estanques da vida e do ensino. Reafirma, portanto, a vitória sobre o
cientificismo que coisifica e formata o ser humano.
Cabe salientar que as
considerações apresentadas aqui, buscam além de apresentar o tema, o objeto de
pesquisa e as diversas questões que cercam esta problemática, que este trabalho
caminha dentro das condições e do movimento real da sociedade brasileira,
buscando refletir esses acontecimentos em que se apresentaram por meio dos
fatos históricos, em outras palavras, a relação do capital com a dominação dos
meios de formação educacional. Cabe a partir desta perspectiva traçar os
limites da ação deste capital na conformação de uma educação que interessa aos processos
de aprofundamento da luta de classes ou seu escamoteamento.
Referências biográficas
Dr. Aruanã Antonio dos Passos. Professor do
Departamento Acadêmico de Ciências Humanas da Universidade Tecnológica Federal
do Paraná (UTFPR), Campus Pato Branco.
Dr. Willian Roberto Vicentini. Professor da
Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná (SEED-PR) e da Faculdade de
Colombo (FAEC).
Referências bibliográficas
BERNARTT, Maria de Lourdes; SIGNORINI, Noeli Tereza Pastro. (In
Memoriam). A pesquisa na formação do profissional da educação sob os
pressupostos do materialismo histórico-dialético. In BERNARTT, Maria de
Lourdes. (Org). PARFOR: reflexões, sentidos e significados no ser e no fazer
docente. UTFPR Câmpus Pato Branco, 2014.
CUNHA, Luiz Antonio. O ensino profissional na irradiação do
industrialismo. São Paulo: Editora da Unesp, 2000.
CUNHA, Luiz Antônio. Educação e Desenvolvimento social no Brasil. Rio
de Janeiro: F. Alves, 1980.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 10ª. ed. – São Paulo: Edusp, 2002.
_____________. Trabalho Urbano e Conflito Social. Rio de Janeiro:
Difel, 1977.
OLIVEIRA, Dennison de. Urbanização e industrialização no Paraná. –
Curitiba: SEED, 2001.
Prezados, boa tarde!
ResponderExcluirParabenizo pela pesquisa e destaco a sua relevância e pertinência.
Pensando na importância e necessidade de conhecermos as origens da formação de trabalhadores no nosso país, gostaria de saber como os autores percebem a materialidade da Reforma do Ensino Médio atual e a aplicabilidade da BNCC.
Olá Júlio César de Souza. Obrigado pela leitura e pela questão! No que se refere ao novo ensino médio, vemos que existe uma proposta de uma "nova" formação com autonomia para o estudante, ao menos no nível do discurso proposto. Mas, as mudanças propostas pretendem fomentar no estudante uma falsa posição de protagonismo em relação ao seu desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional, porque esse projeto é fundamentado numa compreensão bancária de educação, como apontou Paulo Freire, outrora. Portanto, precisamos compreender os interesses envolvidos em qualquer proposta de revisão curricular ou de projeto educacional mais amplo.
ExcluirAruanã e William.
Caros autores, parabéns pelo texto! Vocês trazem ótimas colocações para pensar a relação educação e trabalho. Sabemos também que essas questões não se dissociam das relações de poder e das estruturas de desigualdade que sustentam a sociedade capitalista. Como vocês notam essa questão?
ResponderExcluirVANDERLENE DE FARIAS LIMA
Olá Vanderlene de Farias Lima. Obrigado, que bom que gostou do texto, ficamos felizes! Você toca no ponto central. Todo processo educacional é um processo de poder, sem dúvidas. Assim, envolve interesses e intencionalidades que, muitas vezes, não se mostram. Em síntese, como comentamos acima, o objetivo educacional do Sistema S era produzir trabalhadores tecnicamente qualificados, mas ideologicamente condicionados aos valores da acumulação de capital. Portanto, sem dúvidas, um processo de alienação bastante sofisticada para o contexto. Ainda assim, pretendemos investigas as formas de resistência e organização desses trabalhadores diante do projeto mais amplo.
ExcluirAbraços!
Aruanã e William.
Olá, parabéns pela pesquisa! O meu questionamento é: além da formação do trabalhador, de que maneira o Sistema S colabora com os valores neoliberais que tem avançado na educação?
ResponderExcluirCamilla Mariano
Olá Camilla Mariano. Obrigado pela leitura e pela consideração! O Senai foi criado tendo uma base industrial, com as cabeças pensantes (industriais do período), que buscavam com o discurso desenvolvimentista “formar” mão de obra para corroborar com esse referido desenvolvimento. Ou seja, o chamado Sistema S está imerso num contexto de mercado e de produção industrial, ainda se vê que o modelo liberal da época é diferente do nosso, por óbvio, mas já mostrava a intenção de formar trabalhadores qualificados para a reprodução do capital e não sua transformação.
ExcluirWillian e Aruanã.
Boa noite. A política educacional pensada para a classe trabalhadora não são formadas de ideias que limitam a conscientização dela?
ResponderExcluirOlá Lucca Ribeiro. Obrigado pela leitura e pela questão! Sem dúvidas! Ao mesmo tempo a educação - ainda que projetada para o controle e a dominação - tem a potência de libertar as pessoas de suas necessidades e limitações. Assim, ainda que uma formação que objetivava a conformação de uma classe trabalhadora condicionada, o espaço para a organização dessa classe e sua luta foi potencialmente criado.
ExcluirAruanã e Willian.